Data 6 de março a 2 de maio de 2010
Local Centro Cultural São Paulo. Rua Vergueiro, 1000, Paraíso. São Paulo.
Abertura 6 de março às 15h
Mesa de abertura 16h, José Arturo Rodríguez Núnez e Regina Melim
Horários terça a sexta, 10-20h; sábados, domingos e feriados, 10-18h
Contatos (11)3397.4002
artesplasticas@prefeitura.sp.gov.br
www.centrocultural.sp.com.br
Release da mostra
Os anos 1960 trouxeram um novo olhar sobre o livro como suporte artístico. Na origem desse processo estão o aperfeiçoamento e o barateamento dos meios de impressão, a ampliação dos movimentos de viés conceitual (Fluxus, happening, performance, land art...) e um florescimento sem precedentes da poesia experimental. Trata-se de publicações que à primeira vista parecem livros comuns, mas são concebidas como obras de arte. Nesse mesmo período, muitos artistas começaram a controlar de maneira mais direta as publicações que acompanhavam suas exposições, tornando-se conscientes de que a partir delas também comunicavam seus trabalhos e, portanto, da importância que tinham a sua elaboração formal e o seu conteúdo. São anos em que se investigaram meios alternativos aos museus e galerias para a difusão da arte, buscando-se um contato sem intermediários entre criador e espectador.Nesse contexto, o livro passa a ser reconhecido como um suporte de eficácia incomparável para alcançar os lugares mais recônditos por meio da rede de meios de transporte que cobre o planeta, sem depender dos canais tradicionais de distribuição da obra de arte. Preço baixo e portabilidade são duas características que o convertem em veículo preferencial para a tão desejada e proclamada democratização da arte. ais ideias traçaram uma fronteira ideológica em relação aos livros de alta bibliofilia, elaborados artesanalmente, de tiragem limitada e preço alto, dando lugar a um fenômeno que, já em sua origem, tinha uma vocação internacional.
Ao mesmo tempo em que apareceram os livros, os artistas também trabalharam com a ideia de revista, seja ajustando-se ao formato tradicional desse tipo de publicação, seja conservando seu conceito, mas subvertendo sua forma de modo a dar lugar às criações mais insuspeitas. Chama a atenção o fato de que a maior parte dessas revistas circulou por meio dos correios. Sempre que tiveram a oportunidade, os artistas apropriaram-se do espaço impresso, dando lugar a híbridos impossíveis de se reduzir a uma tipologia. Para compreender essas obras, é importante não esquecer que, em geral, sua criação é produto de um esforço coletivo para o qual colaboram muitas pessoas – envolvendo desde os processos fotomecânicos até os ateliês onde se realiza a impressão, além das editoras, dos distribuidores, etc. Em estreita colaboração com o autor, o designer ocupa um lugar destacado, de forma similar ao que já vinha acontecendo, em técnicas como a gravura, entre o artista e o impressor.
Esta exposição apresenta pela primeira vez uma visão geral das publicações produzidas por artistas espanhóis durante pouco mais de quatro décadas. Partindo do incipiente panorama dos anos 1960, com trabalhos destacados de Juan Hidalgo (El viaje a Argel, 1967) e José Luís Castillejo (La caída del avión en el terreno baldío, 1968), integrantes do grupo Zaj, a mostra chega à expansão que experimentam essas publicações na atualidade, a exemplo das produções de Dora García, Santiago Sierra e Lara Almarcegui, entre os autores de livros, e de edições como La Más Bella, entre as revistas. Durante os anos 1970, a maior parte das publicações procede do âmbito conceitual, com uma presença importante de artistas catalães, como Francesc Abad, Eugènia Balcells, Antoni Muntadas, Miralda e Francesc Torres, para os quais o livro constituiu um suporte importante em sua atividade criativa. Também destacam-se os trabalhos de Luis Gordillo, Darío Villalba e Isidoro Valcárcel Medina, e a atividade editorial de galerias e espaços expositivos, como Fernando Vijande, Metrònom e Buades. Neón de Suro e Éczema são duas das mais significativas revistas do período.
Nos anos 1980, ocorreu um crescimento sem precedentes do mercado de arte contemporânea e começou a se formar uma rede de museus, centros e salas de exposição que, a partir dos 1990, se estendeu por todo o território espanhol. Frederic Amat, Carlos Pazos, Perejaume e Manolo Quejido são alguns dos nomes que se destacam junto às revistas Caps.a., Fenici e El Canto de la Tripulación. A prolífica atividade expositiva dos novos espaços, unida a um progressivo controle da comunicação gráfica por parte dos artistas, estimulou um incremento no número de publicações nos anos seguintes. As obras desse período procedem tanto de artistas já estabelecidos como de nomes mais jovens: Lara Almarcegui, Frederic Amat, Ibon Aranberri, Eduardo Arroyo, Miquel Barceló, Daniel Canogar, Jordi Colomer, Jon Mikel Euba, Joan Fontcuberta, Dora García, Eva Lootz, Rogelio López Cuenca, Juan Luis Moraza, Muntadas, Javier Peñafiel, Jaume Plensa, Pedro G. Romero, Antonio Saura, Santiago Sierra e Juan Ugalde, entre muitos outros. São anos em que aparecem revistas como La Nevera, La Más bella, La Ruta del Sentido, Cave Canis e, a partir dos anos 2000, Esete e S.O.S.
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