Meu tão querido e companheiro... caderno azul.
Para Gleyce
Curitiba, 30 de maio de 1999.
Quero sorrir de novo poesia.
Quero cheirar a patchouli ou a lavanda só para ser mais poesia.
Quero ver mãos leves que passeiam como se flutuassem.
Quero ouvir a voz doce que chama o irresistível sono de profundezas.
Quero a paz das tardes de domingo.
Quero a conversa serena, os recados escritos, o entusiasmo da descoberta.
Quero comer margaridas só para ser mais poesia.
Quero andar sobre as ondas rendadas de um eterno mar.
Quero a quietude debaixo da árvore e a sutileza do ar veloz se enroscando no pescoço.
Quero ver as praias do sem fim.
Quero me pintar de azul só para ser mais poesia.
Quero caminhar sob as sombras perfumadas do jardim das coníferas.
Quero sorver o ar dos sonhos que às vezes rolam pelo chão para tornarem-se estrelas de um céu recém-nascido.
Quero balançar nos galhos da laranjeira só para ser mais poesia.
Quero abrir as comportas e fluir...
Márcia Sousa